terça-feira, 11 de junho de 2013

Além do Oceano

   Estava em frente ao computador, tentando solucionar o problema da minha vida. Não é um problema qualquer, não. É aquele tipo de problema que você reza para acontecer. Ajoelha-se em cima do milho e faz promessas aos 50 deuses do universo. Pula as sete ondas, joga a pipoca, vai à igreja, vira o santo de cabeça para baixo. 
  Sim, esse mesmo problema. Como pode ser esse assunto tão corriqueiro, tão banal, tão simples para muitos, se tornar um problema para mim?
  Simples. Eu tenho 23 anos. Novinha, não? Ou velha demais? Bom, isso não vem ao caso, acredite. O meu problema não é minha idade. É pior que isso. Vocês e meus dez gatos de estimação irão me dar razão. 
  Divagações à parte, eis que recebo um e-mail. O idioma não me é estranho. Está todo em coreano.Esse e-mail. O problema. Traduzi-o em minha mente:
  Ainda espero sua resposta. Eu a amo. 
  Ó meu Deus. O que devo fazer? Meus dedos tremem sobre o mouse. Leio e releio as palavras. Sei que estou diante de algo único. Uma resposta, e tudo perde-se ou ganha-se. É um dilema. Luto contra o ímpeto de correr para longe. Sinto minhas lágrimas rolarem ao chão. 
  Começo a soluçar e parece que nada nesse mundo vai parar o meu soluço. 
  - Clarissa - ouço uma voz trazer-me à realidade. É a voz do meu pai. Ele tem apenas 1 mês de vida. Vejo-o chegar trôpego e vacilante. O câncer consumiu-o.Recusou todos os tratamentos médicos. " Quero morrer em paz" , assim ele dissera. Claro que eu entrei em pânico.Protestei. Mas tive de aceitar. Tive de ajudar o meu pai a morrer, assim como ele me ajudou a viver. 
  
      Olho para ele ternamente.
     Percebo que ele diz com seu olhar que eu aceite a proposta de minha vida e que vá para além do oceano após sua morte. 

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